Viva o leite condensado! – Docinho de pistache e chocolate branco

Outro dia peguei um debate bem interessante no Twitter – parece que um chef pâtissier francês (ele trabalha e mora aqui no Brasil) andou dando uma entrevista polêmica, dizendo que não existe confeitaria brasileira. Não sei dos detalhes, mas o caso gerou pano pra manga.

Não foi a primeira vez que ouvi isso, gente falando mal de doce brasileiro, dizendo que só tem leite condensado e excesso de açúcar, que o brasileiro não tem paladar, etc etc e tal. Queria muito saber a opinião de vocês – o que vocês acham desse debate?

Eu, particularmente, sou super a favor de um bom leite condensado – inclusive poderia até dizer que quem se recusa a usar esse ingrediente vai perder a oportunidade de produzir coisas deliciosas por puro preconceito.

Docinho de pistache e chocolate branco (rende 30 unidades)

  • 1 lata de leite condensado
  • 100g de pistache triturado
  • 30g de chocolate branco picadinho
  • 1 colher de sobremesa de manteiga
  • chocolate branco ralado para passar os docinhos

Numa panela de fundo grosso (o ideal é que seja uma só para doces), misture o leite condensado, o pistache, a manteiga e os 30g de chocolate branco. Leve ao fogo baixo, mexendo sem parar com uma espátula de borracha ou colher de pau, até a mistura engrossar e soltar do fundo das laterais da panela.

Passe a mistura para um prato fundo untado com manteiga  deixe esfriar completamente. Enrole bolinhas  passe pelo chocolate branco ralado. Coloque em forminhas.

Pode ser conservado em pote tampado na geladeira por até 1 semana.

26 comentários

  1. Re Prazeres diz:

    Oi Paula… adorei a receita! Amoooo pistache! =)~~~

    E quanto ao debate… acho mesmo que é uma questão de paladar… na confeitaria francesa, na minha opinião, tem excesso de manteiga e creme de leite, o que pro meu paladar fica super “engordurado”…
    Então, acho meio bobo o comentário dele… cada cultura tem seu gosto por certos ingredientes… não tem certo ou errado, mas como ele é francês, é normal acharem que por terem mais tradição podem vir pra cá, “iluminar a nossa existência”, generalizar e desvalorizar o trabalho de toda uma categoria de profissionais… enfin, vive la France! #NOT

    Leite condensado é tudoooo de boooom! =)

    bjs!

  2. Stefânia diz:

    Oi Paulinha!

    Também acho puro preconceito! Inclusive eu mesmo já reproduzi excelente receitas com leite condensado que agradaram vários amigos que não são brasileiros! O que eu acho é que o Brasil ainda tem muito a percorrer para ser mais notado nesse meio da patisserie, mas acredito que temos muito valor e que devemos dar importância aos ingredientes que só encontramos aqui!
    Esse país tem muita chance de dar certo em qualquer área, nós brasileiros somos muito criativos. O que é preciso é maior investimento e maior reconhecimento do que temos nativo e não somente ao que vem de fora.

    Beijo grande!

  3. Noêmia diz:

    Oi, Paula!

    Sabe, eu acho que respeitar as tradições e as culturas é muito importante. Nossa cultura doceira é feita de leite condensado. E ainda bem que é assim! Eu adoro poder experimentar novas receitas e idéias malucas com ele! E adoro preparar os doces que nossas avós e mães sempre fizeram usando leite condensado!
    Mas gosto é gosto! Como disse a Re Prazeres, a confeitaria francesa é um tanto engordurada pro gosto dela. A doçaria portuguesa é ótima, mas tem muito ovo pro meu gosto. Há de saber respeitar as diferenças!
    Agora, leite condensado e pistache… Oh, Lord! Me ajuda que eu vou surtar!!!
    🙂

  4. Marcia H diz:

    Oi Paula,
    eu acho que precisamos de um meio-termo sim. Antigamente vários doces eram feitos sem leite condensado. Eu prefiro cocada sem leite condensado, assim como prefiro queijadinhas feitas com massa, típicas do interior da Bahia. No momento, devo dizer que a minha impressão atual é que tudo realmente tem o mesmo gosto de leite condensado, mas procurando achamos coisas diferentes e típicas do Brasil.

  5. Ricota diz:

    Paula,
    se usar leite condensado é sinônimo de uma confeitaria pobre, viva a pobreza!
    Ê povo chatinho esse, hein? Acho que é falta de brigadeiro… ou de docinho de pistache! heheheheheheheheh…
    Beijocas e parabéns pelo blog!

  6. Tô nem aí pra quem critica os nossos doces – e o leite condensado! Amo muito! 😀
    Já passei da época de comer direto da lata – confesso que hoje acho doce demais – mas adoro usá-lo em doces. Vc caprichou, hein, Paula? Além de estarem lindos – que fotos, hein, muié? – os docinhos combinam duas paixões minhas, chocolate branco e pistache… Hum!

  7. Cristiane diz:

    E mais uma receita deliciosa :-)!

    Sobre o chef Francês, acho que nós brasilieiros enaltecemos tanto a culinária estrangeira que agora eles ficaram se achando. Mas o gostoso é a variedade de sabores!!! Se todo mundo cozinhasse igual ia ficar sem graça! Acho a comida brasileira cheia de estilo e deliciosa.. cada ergião tem seu toque na culinária.
    Chefzinho de segunda esse que num entende essa diversidade gastronômica!

  8. Viva o leite condensado! Só quem mora fora e não encontra o bendito é que sabe realmente a falta que ele faz. Tenho várias amigas que moram fora e sonham com leite condensado.

    Paula, moro em Vitória e não encontro pistache sem sal. Onde você encontra em SP? Estarei aí nos próximos dias.

    Preciso reproduzir esta tentação bombástica que é leite condensado e pistache. Bjs

    • thecookieshop diz:

      Oi Juci!

      Eu compro na zona cerealista (região da Rua Santa Rosa, Brás) – lá tem várias lojas que vendem todos os tipos de farinha, castanhas, etc – tudo mais barato e muita variedade.

      bj!

  9. Claudia diz:

    Paula, pediu opinião, eu vou dar.

    Eu não concordo com o tal chef francês, mas é tão comum essa leitura afrancesada e burra da doceira mundial. Acho a “afrancesação” das cozinhas é um crime contra o tempo e o espaço, diga-se contra crime contra a história e a geografia.

    Mas quanto ao leite condensado estamos em lados opostos. E eu estou com uma postagem enorme sobre o leite condensado e critico o uso desenfreado do leite enlatado. Na minha opinião o leite condensado é um produto que compromete e paralisa a doceria brasileira e polariza a criação de forma muito triste. Todas nós comemos doces e pudins feitos com leite condensado, fomos meninas urbanas e aprendemos ainda pequenas a lidar com o produto da lata perdendo de vista que aquilo ali é leite e açúcar. E o pior, aceitamos quietas as perdas que vieram com a lata: padronizamos o nosso gosto pelo gosto da indústria, colocamos o nosso paladar e nosso conhecimento de apreciadores de leite e de açúcar nas mãos da indústria em troca da praticidade enlatada. A história de sucesso do leite condensado não é apenas a história do fim do nosso gosto por leite, é também a história da exploração do pequeno produtor de leite e açúcar, é a história de uma tradição que se perde, do conhecimento dos usos do leite cru cozinhando no tacho, dos modos e fazeres de cremes e coalhadas, da sabedoria por trás do uso dos diversos tipos de açúcar, rapaduras e melados. O leite em lata hoje é barato, símbolo da miséria que a indústria paga ao produtor/litro e da vergonha que se tornou nossa indústria de leite. Deixamos de nos preocupar com as fazendas, com a qualidade do leite, do açúcar e depositamos toda a nossa sabedoria e potencial criativo na qualidade duvidosa do leite adoçado e enlatado criado por uma multinacional suíça. Quando se escolhe abrir uma lata, em troca de uma espécie de status modernizante, entregamos um pouco da alma da nossa cultura. E o mais interessante é que os suíços são loucos por seus leites e suas vacas. Reconhecem que o segredo de fazerem o melhor chocolate ao leite do mundo, por exemplo, é seu leite de alta qualidade.

    Para mim o leite condensado é o maior truque da indústria, daquelas mágicas que todo mundo acredita e ninguém entende como foi possível o truque. Exatamente como engarrafar água. E o truque acabou alçado a posição de ícone da doceria urbana por uma elite, perdoe-me pelo termo, preconceituosa. Uma elite que parecia aliviada em deixar para trás a relação direta com o produtor rural “atrasado” para assumir um relacionamento “moderno” com a indústria e os supermercados. A elite que ama o leite em lata despreza o leite de verdade e os produtores de leite de verdade. Ignora sem culpa as fazendas, suas vacas e seus leites a mercê da indústria que só visa o lucro e faz da indústria de leites do Brasil uma das piores do mundo.

    Mas não me leve a mal. Eu não quis pegar pesado no teu blog tão gostoso diante de um doce tão lindo. Mas sou apaixonada por leite, por açúcar e por produtores rurais. Pesado eu pego na minha postagem!

    Beijos,

    Cláudia

    • thecookieshop diz:

      Claudinha, como eu disse, é um debate que gera pano pra manga mesmo, e agora vc trouxe à luz um lado da questão que eu nem tinha pensado quando propus a discussão – concordo com vc que vale sempre ter senso crítico na hora de comprar e consumir produtos industralizados, saber de onde ele vem, o que ele contém e como ele chegou até a prateleira do supermercado, principalmente nos dias de hoje, com tanta comida de mentira sendo empurrada pela nossa garganta.

      bjinhos

  10. Helena diz:

    Paula, adorei seu site. Muito bem humorado. Parabéns!
    Quanto à polêmica, não sei qual o conceito específico da área gastronômica para confeitaria. Recorri ao Aurélio que o conceitua como fabricação de bolos, biscoitos, doces e salgados em geral. Tomando esse conceito de confeitaria, respeito muito as opiniões em contrário, mas a confeitaria brasileira não se limita ao leite condensado e é muito boa! Cocada, goiabada com queijo, bananada, pé-de-moleque “esfarelento”, paçoca, bolo de rolo, dolinho de chuva e …. QUINDIM! Quem resiste! Um abraço Helena

  11. Sybil diz:

    Concordo que a confeitaria francesa é ‘engordurada’ com excessos de creme de leite e manteiga, bem colocado como disse a Re Prazeres.
    Mas eu devo admitir que acho uma pobreza mesmo limitar-se ao leite condensado pra maioria dos doces, além de não gostar de doces extremamentes doces (no meu caso e na minha família). Prefiro imensamente trabalhar com frutas e massas leves, processos lentos de apuração e etc.
    E ainda bem que nossa gama de doces não se limita a receitas que pedem o leite condensado!

  12. Ameixinha diz:

    Que seria do mundo sem brigadeiro? Logo, que seria do mundo sem leite condensado? 🙂
    Não sei dessa polémica, mas todos os doces que eu tenho provado com sabor brasileiro, de confeitaria ou outros, são deliciosos!
    Estes docinhos ficaram lindos, adoro pistáchios e chocolate branco 🙂

  13. Estive recentemente no brasil e eu adorei todos os doces que comi 🙂
    Quer com ou sem leite condensado são doces típicos, o ingrediente não interessa… eu pelo menos sou fã!!!
    Então o que seria da culinária francesa, é só manteiga e muito queijo?
    Cada país tem a sua tradição e não podemos julgar ninguém 🙂
    bjs

  14. Edvani (Vania) diz:

    Oi Paula,

    Faz tempinho que não passo por aqui (sou aquela que fez os ratinhos no ano passado, lembra?)
    Então, de lá pra cá estou me aventurando menos na cozinha porque a minha pimpolha nasceu(2 meses) e, como você sabe, bebês ocupam bastante o tempo da gente.
    Lendo o seu post hoje, pensei: brasileiro tem que valorizar o que tem. Principalmente a culinária com leite condensado ou sem. Parte da minha família é francesa (marido é franco-canadense) então, posso te falar que os doces deles são realmente diferentes. Da última vez que fomos lá, fiz brigadeiro e quase ninguém gostou. Imagina isto no Brasil…rsrs
    As receitas deles tem muito creme e manteiga, como bem disse uma leitora e ainda concordando com ela, isto é cultural. Cada lugar tem a sua maneira de preparar os alimentos e tem preferência por tal ou tal ingrediente. Por exemplo, aqui em Montréal,
    não se acha creme de leite como o nosso. Existem cremes que podem substituir, como o creme de leite fresco, mas enlatados e sem serem refrigerados não existe!!!
    Outro ponto, os doces daqui são super enjoativos e ´massudos´. Os bolos recheados são lindamente decorados, mas você não consegue comer um pedaço de tão pesado que é…
    É claro que tem as famosas confeitarias estilo francês aonde se encontra doces mais leves e gostosos…não vamos tirar o mérito dos franceses. Mas, cá entre nós, no geral, a nossa culinária é uma das melhores do mundo, temos muitos sabores, frutas e temperos que fazem uma diferença. Faço um parenteses para os salgados brasileiros (apesar do blog ser mais doce;) que fazem o maior sucesso fora. Esfiha, pão de queijo, pastel, empada, deixa qualquer um aqui lambendo os ´beiços´. O salgado daqui é só pão com recheio, ou seja, lanche e na maioria, Mc Do!
    Bom, vou parar por aqui porque agora preciso esquecer um pouco as delícias brasileiras para poder voltar a minha forma pré-maternidade 😉

    bjs

  15. Carol Milady diz:

    Moro na França ha mais de 10 anos, sempre estudei em escolas francesas, mas minha familia é brasileira… E sempre amei cozinhar, então pude conviver com as duas culturas gastronômicas 🙂

    Realmente, essa visão meio etnocentrista é bastante comum, na minha opinião, entre os franceses. Acho que é uma combinação de falta de conhecimento (desde quando a confeitaria brasileira é so leite condensado ? Existe, sim, um grande numero de doces populares feitos com leite condensado, mas muuuuuito longe de ser maioria !) e de hábito, e uma certa empáfia com a sua propria pâtisserie, considerada por muitos como sendo a melhor do mundo.

    Eu penso como a Re Prazeres. Amo de paixão os doces daqui, mas muitas receitas, principalmente da França ao norte do Loire, me parecem “engorduradas” demais. Não falo so de doces de confeitaria, mas também do equivalente ao docinho caseiro nosso de cada dia : bolos, quatre-quarts, fondants au chocolat, madeleines, etc… Tudo leva MUITA manteiga. Lembro que um dia fiz um bolo de limão com sementes de papoula. O povo do trabalho adorou, e quando eu disse que não levava manteiga, mas óleo vegetal, todo mundo ficou descrente e com “nojinho”, menos os americanos que usam bem menos manteiga tb. A mesma coisa com um fondant au chocolat, ninguém acredita até hoje que não levava manteiga 😀

    Acho que é bobagem, e que toda culinária tem o seu valor, e também acho que preciso fazer esses docinhos logo !

    Para quem não acha pistaches sem sal, eu ja lavei pistaches salgados e usei, ficou otimo !

  16. Paulinha, amo leite condensado, e não largo jamais, uso no meu restaurante, vai lata aos montes, isso já esta enraizado no nosso dia a dia, cada cultura tem a sua culinaria, essa historia de não dar valor ao produtor, eu acho que já entra na parte politica do pais, o leite condensado já existe ha muito tempo no Brasil. Outro dia entrou um grupo de alemães no restaurante e no final do almoço, ofereci o brigadeiro, nossa precisava ver, eles adoraram.
    Imagine outros paises que usam muitos ovos, gemas…é prejudicial a saúde, mas o povo de lá adora.
    bjs grandes, adorei esse pano pra manga heheh
    ah vim te convidar para um sorteio no meu blog, passa lá ok
    Paula

  17. Fatima diz:

    Olà!!
    Moro na Italia a mais de 20 anos e aqui dizem a mesma coisa deste chef frances: Que usamos muito o leite condensado.
    Mas quando faço festa e faço meus docinhoe salgadinhos,eles comem atè morrer e pedem aa receita. kkkkk,e eu falo: Sinto muito,è com latte condensato!!!!
    Beijo.

  18. Vitor Hugo diz:

    Não li os comentários todos… enfim. Li a matéria do Fabrice e realmente, foi bem infeliz em suas palavras.

    Brigadeiro é com leite condensado e pronto! O que adianta tirar ele e usar 250g de glicose, né? 🙂

  19. luciane diz:

    Amei seu blog e estou “devorando” cada postagem, com perdão do trocadilho.
    Se considerarmos a patisserie como um conjunto de técnicas formalizadas, me parece evidente que o Brasil não tem confeitaria e que apenas “adaptamos” receitas estrangeiras. E nossos doces populares são sim majoritariamente feitos com leite condensado, até mesmo o que não deveria ser, como o pudim de leite. Acho que o uso deste produto empobrece nossos doces e nosso paladar, o brasileiro gosta realmente de muito açúcar e isso compromete a qualidade de qualquer produto.
    Mas isso é uma questão cultural. Cada país tem seu paladar e seus produtos, não há como comparar.
    Eu, particularmente, não gosto de doces feitos com leite condensado, nem mesmo brigadeiro e amo tudo que é feito com creme de leite fresco e/ou manteiga. Mas é algo particular, pessoal.
    Mas para ter consciência da pobreza da nossa tradição confeiteira basta comparar a vitrine (e fazer uma desgustação) de uma confeitaria francesa e uma brasileira. Nossos doces valem literalmente o quanto pesam em açúcar, apenas isso. É pobre, muito pobre, tanto quanto à técnica, quanto aos produtos.
    Este debate não deve ser visto como bairrismo, mas sim como uma oportunidade de rever nossa “preguiça” e adaptar nossos maravilhosos produtos às técnicas consagradas, sejam francesas, italianas ou portuguesas. Porque misturar leite condensado com chocolate não pode ser chamado de patisserie.
    Uma vez mais, parabéns pelo delicioso blog!

  20. Pingback: Truffles by rachealpatrolia - Pearltrees

  21. gloria maria de azevedo de berto diz:

    OI PAULA GOSTARIA DE SABER MAIS SOB ESSA RECEITA, POIS O PISTACHE QUE ENCONTREI ELE É UM GRÃO E TEM POR FORA UMA CASCA PARA TRANSFORMÁ-LO É SÓ DESCASCAR E TRITURA E DEPOIS MISTURAR AOS DEMAIS INGREDIENTES QUE O DOCE FICARÁ VERDINHO? O DOCE NÃO FICARÁ COM PEDICINHOS DE PISTACHE?. OBRIGADA PELA SUA ATENÇÃO. GLÓRIA

Deixe um comentário